Para Sócrates Alvares Nolasco, em O mito da masculinidade, a partir do nascimento, com a observação e diferenciação dos genitais, a sociedade já impõe expectativas de comportamentos distintos para homens e mulheres, que “desenharão os contornos das subjetividades dos indivíduos”. Homens e mulheres sofrem forte controle pedagógico durante a vida, seja da família, da escola ou das relações sociais. Qualquer desvio, segundo Nolasco, é classificado como problema de ordem médica, psíquica ou moral (NOLASCO, 1993, p. 41-42).
Raramente ouve-se a ordem “seja mulher”, enquanto tal exortação é dirigida aos meninos, adolescentes e adultos do sexo masculino na maioria das sociedades. Com o intuito de engendrar um homem viril, corajoso, esperto, conquistador, e imune a fragilidades e inseguranças, com frequência, admoesta-se o sexo masculino: “Isto é brinquedo de menina!” “Homem não chora!” “Homens não vestem rosa!” “Menino não abraça nem beija outro menino, só os maricas!” “Você transou com ela? Não? É um bobo!” “Você é um medroso, parece mulher!”
Desse modo, os meninos crescem acreditando que serão aceitos em razão do que conquistarem (neste caso, a mulher é vista como objeto) e não pelo que realmente são. Alimentados pelas fantasias de onipotência e senhorilidade, corroborado pelo poder social que lhes é conferido, os homens passam a incorporar a agressão às suas identidades, o que, sobreposto, à virilidade, produz os “machões”.
Impossibilitados de demonstrarem vulnerabilidade sob pena de escárnio social, o homem passa a adotar um padrão de masculinidade, atualmente, denominado de “tóxico”, por trazer problemas de ordem emocional, físico, e até patrimonial, para ambos os sexos.
O presente minicurso propõe uma discussão sobre as consequências sociais da masculinidade tóxica, e propõe uma desconstrução de estereótipos de gênero, como forma de fortalecer a igualdade entre homens e mulheres. O debate é aberto a todos que se proponham a lançar um novo olhar sobre a construção da masculinidade, já tão estereotipada na sociedade com traços ainda patriarcais como a brasileira.